segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Endividem-se iMEDIATamente

Esta parece ser a mensagem que as empresas de "financiamento rápido e sem porquês" pretendem deixar ao comum dos cidadãos portugueses. Ao mesmo tempo que o Governo anuncia mínimos aumentos na economia nacional e pede contenção e esforços aos dignos trabalhadores, estas empresas prometem dinheiro fácil. Ou seja, apresentam-se como um oásis num panorama difícil, são a solução fantástica para todos os problemas. Um computador para o seu filho? Obras em casa? Viagens paradisiacas? Basta uma chamada.. Parece fácil! E é. O problema vem mais tarde.

Vamos analisar rapidamente os anúncios, que são todos iguais. Digo todos porque quando antigamente este fenómeno traduzia-se num par de empresas, hoje em dia podemos dizer facilmente e de cabeça o nome de 10 empresas deste tipo. Qualquer dia, os miúdos a jogar ao STOP incluem a categoria "Empresas de Crédito" ao lado de Animais, Países ou Frutas. Vamos tentar? Mediatis, GE Money, Cetelem, Exchange, Capital Mais, Cofidis, ou Credial. Foram estas empresas que com os seus anúncios coloridos, onde famílias e pessoas bem sucedidas e sorridentes satisfazem os seus desejos. Ou então, na forma mais cara de publicidade, com figuras públicas como Fernando Mendes a promoverem incansavelmente e sem vergonha o endividamento dos menos favorecidos, ou dos menos instruídos, que não sabem nem percebem o que é uma TAEG de 30%.

No total são 260 mil os Portugueses que já foram aliciados por estas empresas ao ponto de pedirem crédito. Portugueses que mais tarde têm de pagar mais 30% do que o valor obtido. O tal "cliché" dos 6.000€ rende 7.800€. É esse valor que a Taxa Anual Efectiva Global obriga a pagar. A tal emenda ao anúncio feita geralmente no final, a uma velocidade de fazer inveja a um rapper diz isso mesmo. Mas aí, os Portugueses já estão a sonhar com a cozinha nova ou com o carro que vão comprar, propostas feitas pelo próprio anunciante.

O meu ponto é muito simples. Os anúncios a tabaco estão veementemente proibidos não só na televisão como em qualquer tipo de outdoor ou local. As bebidas alcoólicas estão proibidas de patrocinar qualquer evento e enfrentam cada vez maiores entraves à propaganda. O Governo tomou estas medidas para proteger os Portugueses de serem aliciados por produtos que os beneficia em nada. Mas quantos problemas não causaram estas empresas que "poem a corda no pescoço" dos Portugueses? Quem pede 6.000€ emprestados, certamente não os tem. Deste modo, não terá 7.800€ para pegar mais tarde. Não promovem um investimento, aliciam os Portugueses a comprar bens que não são de primeira necessidade. Eu estou farto de ser bombardeado por estes anúncios, sinceramente incomodam-me. E não me aliciam em nada. Mas para um Português mais necessitado e menos atento, consumir 10 propostas atrevidas de dinheiro que lhe falta, nos períodos de relaxamento nos intervalos das novelas da TVI incomoda-o ainda mais. Este fenómeno não vai diminuir, pelo contrário, a tendência aposta para um crescimento, pelo que se torna urgente que seja tomada uma medida. Protejam os consumidores..

2 comentários:

Filipe Lello Ortigão Guimarães disse...

Obrigado pelo comentário. Mas no meu post eu quis vincar a ideia da publicidade abusiva na concessão de créditos. E fiz questão de referir que as propostas na atribuição de "dinheiro fácil" nunca consistia em INVESTIMENTOS nem qualquer uso inteligente dos fundos, mas em compras superficiais, tais como carros ou viagens. O microcrédito que tanta gente ajudou e valeu inclusivé merecidamente o Prémio Nobel da Paz (porque a fundação sueca não existe Prémio Nobel da Economia) não tem nada a ver com o "maxi crédito" atribuido pelas empresas.

No meu post falo dos malefícios dos créditos, não em ajudas uteis. No entanto, foi uma boa explicação e outro ponto de vista, o que fortaleceu o meu. Sabendo que há uma boa vertente nos empréstimos, e que pode ajudar pessoas e famílias a sair de situações complicadas... Porque insistir nas situações de compra futeis? Mais convincente, mais apelativa e atraente..

Anónimo disse...

O lacerda acabou de estampar aki a matéria para um exame de microeconomia...mas que vem enquadrada, ao meu ver neste, contexto. Pela primeira vez comento neste blog cujo pretence a um amigo de longa data e ao qual tenho elogiado pela forma como o tem desenvolvido.
Complementando o tema referido, concordo plenamente com a idea de publicidade "enganosa" por parte destas entidades com o intuito de "endividar" os Portugueses. Falo sem conhecimento e talvez esteja a dizer barbaridades, acredito que deveria haver uma autoridade reguladora para determinar a viablidade de um pretendente ao cédito, ou seja, fazer uma anailise de rendimentos do preposto devedor para determiner se possui as condições para saldar a sua divida futuramente e só assim se dava luz verde para conceber créditos. Entendo os beneficios de creditos pois em parte estimulam a economia mas por outro lado servem de forma que não a adequada pois normalmente são usados para comprar carros ect... ás instituicoes intressam-lhe conceber créditos para bens desta natureza pois se a divida não for paga eles conseguem futuramente vender os automoveis e ainda conseguir lucros. Já me estou a alongar e tenho aulas em 20 minutos... este assunto tem muito que se diga...lol
ABRAÇOS e Beijinhos: Tiago Amorim