sexta-feira, 19 de maio de 2006

O diferendo moral da Eutanásia - Part II

Apesar de ser um assunto já comentado num “post” anterior achei que devia abrir nova discussão pois aqui será coberto um outro ponto de vista. Temos visto muito interesse nesta matéria mas em geral o sentimento de “ter pouco para dizer” está presente.

Pois bem, como resposta ao anterior comentário afirmei o meu “receio” de abordar este assunto com a seriedade e coerência que ele exige. Mas após algum tempo a pensar neste mesmo, encontrei algo para além do factor “emocional” (ou religioso) para me puder colocar mais no lado da balança do contra.

No artigo escrito pelo Filipe Guimarães ele fala de pessoas que poucas ou nenhumas razões têm para viver. Mas sabemos bem que em todas as decisões que tomamos temos que perceber quais as consequências desses actos. Se por um lado a sociedade ao aceitar a eutanásia estaria a dar uma possível oportunidade de acabar com o sofrimento de alguns, por outro lado, podíamos estar a abrir portas para a injustiça. A partir do momento em que este acto é aceite pela sociedade que impedimentos teriam milhares de indivíduos, organizações, empresas ou mesmo governos de “eliminar” aqueles que para eles são uma “pedra no sapato”, os idosos? Maior parte deles encontram-se também acamados ou então necessitados de muitos cuidados, o que se traduz num grande investimento por parte de alguma entidade. Mas em muitos casos, continuam a ser “pedras” importantes na vida de outros, dos seus familiares ou amigos, ou ainda mais grave, pela ausencia de familiares, não terem quem os defenda quando se decidem pelo seu direito à vida. A sua presença para outras pessoas pode realmente ser, mesmo que de uma forma menos presente, ainda muito necessária.

Tudo isto será muito bonito, mas muito pouco importante para quem necessita de gerir uma empresa, um hospital ou um país. Estes valores perdem o seu peso e a porta está aberta para estes indivíduos invocarem o tal “fim do sofrimento”.

O Filipe teve ainda o cuidado de diferenciar eutanásia de suicídio assistido, tudo conceitos que na teoria poderiam ajudar no controlo de um possível descontrolo desta medida. Mas todos sabemos que a teoria é muito bonita, para os livros, na prática e depois de as tais portas estarem abertas, é sempre muito fácil contornar os significados destes. Estou portanto a assumir uma postura bastante céptica e receosa, admito, mas so o faço pois depois de analisar os factores mencionados não encontro grande base para me sentir confortável com esta medida.

Sei que vim ainda complicar mais um assunto que todos já chegamos a conclusão não ser fácil de discutir mas queria deixar a mensagem: quando se abrem portas deixamos de ter controlo sobre umas coisas para dar liberdade a outras, mas a que custo? Este é um assunto que pertence ao grupo de outros também bastante actuais e difíceis de analisar. Será a liberação das drogas leves positiva ou negativa, o casamento entre homossexuais, o aborto. São portas fechadas, que têm razões muito fortes para serem abertas, mas até onde?


Links:
"O diferendo moral da Eutanásia - Part I", Filipe Guimarães

4 comentários:

Filipe Lello Ortigão Guimarães disse...

Antes de mais, há que enaltecer o Sr Pedro Torres porque vê se que ao contrário de mim q os posts me fluem pelos dedos porque sei um pouco de tudo (not) ve se que fez um trabalho de pesquisa e isso é um dos objectivos deste espaço.

Quando peguei neste assunto, tive toda a noção que nunca iriamos chegar a um consenso... A regionalização, lida se com um hipotética liderança autónoma de uma região, pode ser alvo de um referendo, como já o foi. Referendar a vida é que já me parece mais estranho e desapropriado, assim como discuti-la. Mas alguma coisa tem de ser feita em prol de uma maior harmonia social, uma vez que uma pessoa no estado crítico, no fundo (e acho sinceramente) que é a que menos sofre, MAS arrasta consigo toda uma família cabisbaixa e todo um grupo de amigos e preocupados pensativos que obviamente reflecte na vida de cada um...

Uma pessoa triste é uma pessopa desmoralizada, sem garra nem vontade. Não é de isso que um País que persegue um X numero de objectivos e previsões impostos por "nos" e impostos a nós precisa!

Anónimo disse...

Por ser um defensor da Vida, não vejo a eutanásia com bons olhos...Contudo e ja o comentei e parece ser generalizado que este e um assunto muito divergente e de profunda reflexão, quer pessoal quer de estudo!!
Pelo menos, na sociedade em que vivemos, cabe a todos nós proteger e defender a vida, a nossa como a dos outros!! e por isso quando falas dos velinhos, podem ser um pedra no sapato falando em termos economicos e de politicas sociais, mas é de dever moral e ético cuidar, acarinhar e dignificar estes que um dia por nós tanto fizeram e que são também o nosso espelho!!
em relação a Eutanásia e outros assuntos que deixas-te em questão sem duvida que abrem muitas portas e por isso devem ser debatidos em tempo próprio!!

Pedro disse...

Sou um pouco mais egocentrico nesta situação, não vejo os idosos como um bem a "cuidar" ou "acarinhar", pelo que fizeram, mas sim, porque dentro de alguns anos... seremos nós os idosos, e não vou querer que me tirem aquilo que de mais percioso tenho, a vida!

Anónimo disse...

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