sábado, 20 de janeiro de 2007

PORTUGAL - UM RETRATO SOCIAL

Praticamente metade dos Portugueses, num total impressionante de 4.7 milhõe de cidadãos, vive à custa do dinheiro do Estado. E quando digo "viver à custa", refiro-me ao Estado como principal fonte de rendimentos, pois se falar de subsídios, abonos, e outras receitas menores, este número aumenta consideravelmente. E isto pode explicar o preocupante, mas não alarmante número de desempregados no nosso país, bastante abaixo de países como a Alemanha ou Espanha. Quando a tendência é fechar fábricas e despedir trabalhadores, que é das coisas que mais me preocupa actualmente no nosso país, a tendência é engrossar o rol de dependentes dos cofres do Estado. E contra isso não podemos fazer nada, sem ser confiar nos investidores.. Não é so o indisfarçável excesso de funcionários públicos que temos que provoca este dependência. Somos um país envelhecido, com uma taxa de natalidade muito fraca, com uma média de filhos por casal de apenas 1,3 crianças. Se não houver uma política de incentivos à natalidade nos próximos 5/10 anos esta tendência vai-se sentir e pesar na sociedade do meio do século. Mas somos conhecidos por actuar a curto/médio prazo e nunca pensar em consequência futuras, muito menos com 1 ou 2 gerações de intervalo. Quantos governos vão chefiar até lá? A culpa será de um deles, não do actual. Assim, 3 em cada 10 portugueses "em idade activa", ou seja, em boa idade para trabalhar são reformados, muitas das vezes, acumulando esse aliciante status social com uma profissão de menor carga horária. Só no regime geral da Segurança Social, em Novembro do ano passado, havia mais de 2,7 milhões de reformados.

Mas como as pensões atribuídas a reformados são todas baixas, rondando sempre o salário mínimo nacional, é publico que o Estado gasta mais nos 737 mil funcionários públicos do que nos tais 2,7 milhões de reformados, inválidos e todo o tipo de não trabalhador. Com isto quero dizer, que anda muita gente a ganhar muito bem nos altos cargos públicos nacionais. Se os funcionários públicos no activo são 4 vezes menos e ganham mais do que os quase 3 milhões de reformados, facilmente se chega à conclusão que a MÉDIA dos ordenados ronda os QUATRO SALÁRIOS MÍNIMOS!! Ou seja, 385,90€ x 4 = cada funcionário público recebe em média 1543€. Vamos agora todos assentar os pés no chão.. Obviamente os cargos mais baixos da função publico (lixeiros, funcionários da Loja do Cidadão ou qualquer repartição/autarquua, jardineiros municipais etc etc) que constituem uma boa fatia, não recebem sequer 800€ por mês. O que sobe esta média?

O escândalo rebentou há 2 semanas. Paulo Macedo, homem-forte da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) ganha mensalmente 23 mil euros. Se quiserem, ganha mensalmente 60 salários mínimos nacionais. Ou se quiserem, há quem trabalhe para o mesmo patrão (Estado) 5 anos para ganhar o mesmo que aufere Paulo Macedo num mês. O trabalho deste senhor é excelente, tem apertado todos os “espertinhos” que tentam fugir aos impostos, tem publicado “listas da vergonha” com todos os que devem dinheiro ao Estado, tem sido elogiado por todos e é extremamente competente. Mas quantos não seriam igualmente bons a receber um terço? Não consigo admitir que o Presidente de uma Direcção Geral ganhe MAIS do que o dobro do Presidente Cavaco Silva, que aliás perde dinheiro por ser o presidente de todos os Portugueses, uma vez que segundo os seus despachos para o IRS, no ano passado acumulando funções de trabalho, ganhava mais do que os 9800€ que ganha o chefe de Estado. Alguém imagina um funcionário ganhar mais do que o todo-poderoso de uma Empresa?

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