quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Professor único.. Porque não?

Todas as mudanças em Portugal são mal aceites. Se o Governo não faz nada, é negligente e não actua nem procura resolver os problemas socias, que a meu ver são os maiores problemas que temos. Noutro caso, se o Governo toma medidas a LONGO PRAZO que são extremamente necessárias, nunca são bem aceites e causam sempre polémica pois a curto prazo podem parecer piores, e são. E eu percebo, todas as mudanças beneficiam alguém mas causam sempre transtorno a outras. Esta semana, o Governo sugeriu um PROFESSOR ÚNICO para acompanhar as crianças no 5º e 6º ano de escolaridade. Vamos analisar os prós e os contras...

Portugal tem uma taxa de desistência escolar bastante alta. Os miúdos até à 4ª classe são isso mesmo, miúdos. Andam nas escolas primárias, num meio pequeno muitas vezes nas aldeias perto de casa, têm o grupo de amigos fixos e sonham com os intervalos. Isto caracteriza o 1º ciclo do ensino básico. Eis que chega o 2º ciclo, do 5º ao 9º ano e aqui comecam os problemas. De repente, num só ano as maiorias das crianças são obrigadas a mudar de terra, vêm se num meio novo e perante os "grandes" sentem-se desprotegidos, sozinhos e faz lhes falta o "professor amigo de todo o dia" para os proteger, para falarem e acompanhá-los. Agora vêm se num Mundo em que cada professor se torna impessoal, cada um tem 6 diferentes e muitas vezes com nenhum se cria realmente raízes. Assim nasce a desmotivação, a insegurança, o medo e o "Mãe hoje não quero ir à escola". A familiaridade do 1º ciclo, o recreio em que "mandavam" e os professores que eram tutores já eram.. Acordam para uma nova realidade e muitas vezes o dinheiro fácil e a necessidade de Pais terem os filhos a ajudar no negócio familiar desperta perante o desejo do filho em evitar a escola. Quantas vezes nas reportagens sobre crianças trabalhadores se ouve a Mãe no campo a dizer "O meu filho não nasceu para a escola, não gosta de estudar eu não o contrariei". Querem diagnóstico? Pura desmotivação escolar..


Por outro lado, temos os professores que perante o espectro de um maior desemprego vetam esta medida. São 2 anos que antes prefaziam 12 professores e passam a ser só 2, o do 5º e o do 6º ano. Como desculpa, alegam que poucos são os docentes capazes de leccionar simultaneamente Português, Matemática, Ciências da natureza, História e Geografia. A meu ver, tornaria o ensino mais "humano", ou seja, muitas vezes uma professor formado em Matemática com um raciocínio fortíssimo ensina de forma mais desplicente a lógica dos números do que alguém que tenha tanta sensibilidade para as Artes e Línguas. Assim teriamos uma divisão, do 1º ao 6º ano teriamos um professor único e suavizaria a passagem do aluno para o 7º ano, ano esse que não implica uma mudança de escola, o que facilita sempre pois não coloca os alunos vulneráveis nem na condição de mais fracos na hierarquia de idades, que tanta importância tem numa escola.

Deste modo pede-se ao Governo, através do Ministério de Educação e da sua figura máxima a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que arranje uma medida que agrade aos professores. É necessário criar um elo forte entre professores e alunos e assim evitar o "choque" de mudança de ciclo que tantas crianças leva para o mercado de trabalho anualmente. Temos de levantar a cabeça, e olhar pela próxima geração..

2 comentários:

Duarte Paul disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Duarte Paul disse...

O Ministério da Educação é sempre visto com bastante desconfiança devido aos constantes FLOPS que todos os anos acontecem. A colocação dos professores é uma paródia anual seguido por a maior parte da população portuguesa. Mas, esta medida é uma que eu apoio. Não sendo socialista, tenho-me surpreendido com as medidas tomadas por este governo pois - eu admito - esperava algo muito pior.

O professor único visa ajudar a transição só ensino básico para o ensino secundário e é uma medida que pretende importar o que se têm feito de bom lá fora. Eu, sendo um aluno de uma escola privada supervisionada pela Universidade de Cambridge, confirmo que são medidas como estas que diferenciam o ensino privado do público e são estas medidas que vêm aumentar a qualidade do ensino público em Portugal.