terça-feira, 9 de janeiro de 2007

VENDE-SE DIGNIDADE

Em Portugal tudo o que se possa alegar com vista a receber subsídios faz-se sem problema. Normal e quase banal é o meter os papéis (e quantas vezes não se ouve esta expressão por entre os mais desfavorecidos) para a Segurança Social, pedir Abonos de Família, Pensões disto, Pensões daquilo.. Mas para mim a novidade e que me chocou hoje quando estive no Ministério da Educação é a falta de dignidade de pessoas que alegam DEFICIÊNCIAS dos filhos com o único fim de receber subsídios para o efeito. Ser deficiente é um posto, para além de se receber um tanto por mês, consoante o problema em questão, paga-se menos impostos do que o comum dos mortais e tem-se regalias várias em termos fiscais.

A Directora do DREN (para quem não sabe, Direcção Regional de Educação do Norte)conversou hoje com a Comunicação social após ter recebido um grupo de País preocupados com o atraso no pagamento do subsídio para os filhos, e esses filhos, vi-os eu hoje e tinham doenças irremediáveis como o Síndrome Dawn ou Trissomia 21 e apesar de mais de 2 horas de espera e das suas tenras idades (de 4 a 8 anos) portaram-se hoje como heróis. A vergonha prende-se com o porquê desses atrasos..

Segundo Margarida Moreira, directora do DREN, só na Região Norte há mais de 5.000 "deficientes". Mais, uma pequena freguesia litoral de Espinho tem uma percentagem de "deficientes" a rondar os 80%. Não há radiações nucleares, nem houve qualquer catástrofe. Ou melhor, há, chamam-se Pais fraudulentos que a todo o custo vêm os filhos com 2 ou 3 negativas, ou nem é preciso e alegam "dificuldades escolares" dos filhos afim de receber os aliciantes 150€ mensais que o Governo cede a estas crianças que necessitam de Educação Especial. Estes pais sem medo e sem pensar nas consequências assinam um comunicado em que se responsabilizam e assumem que o filho em questão é deficiente, sem saberem que essa denominação os vai seguir para o resto da vida. Tudo sem as crianças em questão saberem obviamente.

Nos últimos 2 anos a caça à fraude intensificou-se e as fontes oficiais anunciaram que só no ano passado foram poupados mais de 5 milhões de Euros em cortes subsidiários após análises feitas às perfeitamente saudáveis crianças. O problema é que fazer este rastreio a 5 mil crianças demora tempo, o que tem atrasado os fundos das crianças que realmente necessitam. Não as deixem esperar..

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